segunda-feira, 25 de julho de 2011

TEODICÉIA- PODEMOS JUSTIFICAR DEUS?

Amados, qual de nós, ainda não nos deparamos, com a seguinte pergunta:
" Se Deus é amor, bondade, onipotente e onisciente, porque Ele permiti o mal  no mundo?"

Antes de tentarmos responder esta pergunta vamos mostrar algumas correntes filosóficas que tentam elucidar esta questão, conhecidas como TEODICÉIA.

A palavra "teodicéia" é  de origem grega, formada por duas palavras gregas, theos (Deus) e   dik (raiz do verbo justificar). Teodicéia é a tentativa de justificar Deus diante do homem, pelo mal que há no mundo.  Você apresenta uma teodicéia quando tenta responder à pergunta: "Por que Deus permite o mal?"

Na história da humanidade sempre houve tentativa de explicar a existência de Deus e a presença do mal, mesmo antes da revelação judeu-cristã. Umas vinculadas à natureza de Deus, outras  à idéia do próprio mal, vejamos algumas dessas teodicéias.

1-TEODICÉIA DUALISTA

Esta teodicéia se fundamenta na idéia da existência de dois deuses, um do bem (Ahura Mazda), sábio e bom, outro do mal (Ahriman) do mal, responsável por todo o mal, coexistente desde o começo do mundo. Estes dois deuses sempre lutam em posições contrárias. O zoroastrismo Persa defendia essa idéia.

O maniqueísmo afirmava que o bem e o mal vinham de fontes diferentes, aderindo a idéia de dualidade, duas forças iguais e opostas desde toda eternidade.

2-TEODICÉIA HARMONISTA

A presença do bem e do mal no universo é para que haja um equilíbrio harmônico, o filósofo Leibniz argumentava que um mundo contendo o mal físico e moral é melhor porque é metafisicamente mais rico, do que um mundo contendo apenas o bem. Esta teodicéia tenta mostrar que o mundo se torna melhor com a presença do mal do que com a ausência dele.

3-TEODICÉIA PANTEISTA

A filosofia panteísta defende que tudo é uma extensão de Deus e que todas as coisas são Deus, se todas as coisas são uma extensão de Deus e o mal existe, então, o mal é algo inerente em Deus. Sugere que o mal reside em Deus.

Outra corrente panteísta (Zen Budismo), apresenta o mal como uma ilusão, já que eles sustentam que o mundo real é apenas o Brahma e o mundo externo (maya) é uma ilusão. O movimento filosófico-religioso chamado Ciência Cristã também caminha nessa linha.

4-TEODICÉIA TEOLÓGICA

Nessa visão o mal tem um lugar no cosmo, tem um propósito uma finalidade, um objetivo (telos), por ter um objetivo tenta-se diminuir ou eliminar do mal o sua maldade. Se o mal traz algum benefício, então por causa do seu objetivo ele pode ser aliviado.  Todo mal pode no final trazer algum benefício.

5- TEODICÉIA DO FINITISMO

É fundamentada na idéia de que Deus é limitado em seus poderes, apesar de ser toda bondade, Deus não é todo- poderoso (onipotente), sendo incapaz de destruir o mal, logo se Deus não é capaz de destruir o mal, então existe um poder maior que Deus. Essa corrente não se preocupa em explicar a origem do mal. Deus é limitado porque ele não pode ir contra as leis da natureza ou mesmo contra as decisões feitas pela livre vontade do homem.

6- TEODICÉIA DO IMPOSSIBILISMO

Esta corrente afirma que Deus não pode prever o mal no mundo, porque há uma escolha livre do homem (liberum arbitrium). Deus só pode conhecer aquilo que é passível de ser conhecido, Deus não pode conhecer coisas impossíveis de serem conhecidas; Deus não pode prever as ações futuras dos homens, portanto num mundo de criaturas livres, é impossível  para Deus prever o mal.

Outro tipo de impossibilismo é traduzido com a impossibilidade de Deus destruir o mal, porque para isso teria que destruir a livre escolha do homem e destruir a livre escolha do homem é em si mesmo um mal.

7-TEODICÉIA REFORMADA

É evidente, que essas teorias e correntes não são Bíblicas. O pecado não é ilusão e causou a queda do homem e trouxe a maldição de Deus para todo o universo. Deus é o criador ex nihilo do universo e também é o seu sustentador, não tem concorrente.

Ele é único e não se admite qualquer dualismo, além do mais Deus não escolheu este mundo porque ele é o melhor, mas este mundo é melhor porque Deus o escolheu, as escolhas de Deus não são determinadas por nada ou por ninguém fora de si mesmo.

Quando alguém procura saber da razão da vontade de Deus está procurando algo mais elevado que a vontade de Deus, e isso é impossível de ser encontrado. Não podemos retirar a responsabilidade do homem pelo pecado, a Bíblia é clara em relação a isto, o homem é responsável pelo seu pecado.

O capítulo III, da  Confissão de Fé de Westminster trata dos decretos eternos de Deus e o capítulo V, da providência. Vejamos:

      III-I "Desde toda eternidade, e pelo sapientíssimo e santíssimo conselho de sua própria vontade, Deus ordenou livre imutavelmente tudo quanto acontece; porém, de modo tal que, nem é Deus o autor do pecado, nem se faz violência à vontade das criaturas, nem é tirada a liberdade ou contingência das causas secundárias, antes são estabelecidas."

   V- II "Ainda que em relação à presciência e decreto de Deus, que é a causa primeira, todas as coisas aconteçam imutável e infalivelmente, todavia pela providência, Ele ordena que alas sucedam segundo a natureza das causas secundárias, livre ou contigentemente."

   V-IV "O onipotente poder, a imutável sabedoria e a infalível bondade de Deus, de tal maneira se manifesta em sua providência, que se estende até mesmo à primeira queda e a todos os demais pecados dos anjos e dos homens, e isso não por uma mera permissão, mas por uma permissão tal que, sábia e poderosamente limitando-os, bem como regulando-os e governando-os, numa múltipla dispensação, para seus próprios e santos propósitos, de tal modo que a pecaminosidade dessas transgressões procede tão-somente das criaturas, e não de Deus, e sendo Ele santíssimo e justíssimo, nem é e nem pode ser o autor ou o aprovador do pecado."

Comentário:

-Deus não só permite os atos pecaminosos, mais os dirige, controla segundo a determinação de seus próprios propósitos.

- Contudo a pecaminosidade dessas ações só pertencem ao agente pecador, e Deus de forma alguma é o autor ou aprovador do pecado.

- As ações pecaminosas, como todas as demais, são expressas nas Escrituras como ocorrendo pela permissão de Deus e de acordo com os seus propósitos, de modo que o que os homens perversamente fazem diz-se ser ordenado por Deus e Ele constantemente restringe e controla os homens em seus pecados.

- A providência de Deus em vez de gerar o pecado ou aprová-lo, preocupa-se constantemente em proibi-lo pela lei positiva, ao desencorajá-lo com ameaças e punições reais, ao restringi-lo e ao regulá-lo para o bem, contra a sua própria natureza.

Quero encerrar, citando uma observação de Jerome Zanchius. "A vontade de Deus é de tal modo a causa de todas as coisas, quanto ela própria não tem causa, uma vez que não há nada que possa ser a causa daquilo que causa todas as coisas. Assim nós encontramos todo assunto resolvido em última instância na simples satisfação de Deus. Ele não tem outro motivo para aquilo que faz além da sua mera vontade  (ipsa voluntas). "

Fontes: 1-Confissão de Fé de westminster, comentada por A. A. Hodge. 2- A Providência e a sua realização histórica de Heber Carlos de Campos. 3- Uma Teodicéia Bíblica por W. Gary Campton. 4-monergismo.com,  de Filipe Sabino de Araújo Neto.

Fraternalmente em Cristo, Pb. Gilson dos Santos


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