domingo, 23 de outubro de 2011

Tema: TRANSCENDÊNCIA E IMANÊNCIA DE DEUS

INTRODUÇÃO

Amados, neste artigo, vamos tratar de dois atributos incomunicáveis de Deus que são: Sua transcendência e sua imanência.

Transcendência significa que Deus está acima da criação. Ele é supra-mundo e extra- mundo. Imanência nos faz lembrar que Deus se manifesta na criação. Deus está acima do mundo e independe dele.

Fundamentado no conceito que Deus é transcendente, é importante observar que:

a)     Deus não deve ser confundido com o universo, como faz o Panteísmo e a Ciência Cristã.

b)     Não deve ser considerado como uma totalidade da qual o universo é uma parte, isto é, uma espécie de unidade de dupla face.

c)     Não se relaciona com o universo como a alma com o corpo.

d)     A causa e o seu efeito não podem ser uma e a mesma coisa; logo afirmamos a transcendência de Deus. Sujeito e objeto implicam uma distinção, logo, não podemos confundir Deus com o mundo que Ele fez e que é objeto de sua providência e cuidado.

O homem é maior que a sua obra; assim também o é Deus.

e)     O amor de Deus para com os homens, o perdão de pecados que Ele concede e o senso de responsabilidade do homem, tudo isto se baseia na transcendência de Deus.

Quando o homem deixa de crer na transcendência, a sua consciência do pecado e sua responsabilidade moral se esvaem, como acontecem no sistema panteísta e semipanteísta.

Quando se perde a transcendência, em geral a personalidade de Deus vai com ela. Segue-se, então, a perda da fé, do culto e da oração, que são sempre expressões de um espírito pessoal em busca de um espírito pessoal e são impossíveis de outro modo.

DEUS É IMANENTE OU INTRAMUNDO.

Podemos então dizer que:

a)     Ele não só está acima do universo físico, não somente é independente dele, mas permeia todas as coisas.

b)     O homem atua sobre a matéria, externamente, de fora. Deus pode fazer e o fez internamente, de dentro. Todo o desenvolvimento que existe no universo ilustra a operação interna de Deus.

c)      O homem constrói uma casa ou um navio, trabalhando externamente. Deus faz uma árvore, operando internamente.

d)     Não devemos enfatizar a transcendência de Deus de forma a fazê-lo um Deus mecânico; nem tão pouco enfatizar sua mecânica de modo a fazê-lo desaparecer nas leis da natureza.

e)     Devemos distinguir entre Deus imanente no universo e Deus idêntico com o universo, pois isso seria panteísmo.

f)      W. Newton Clark, em sua obra Cristian Doctrine of God, diz o seguinte:

"É claro, hoje em dia, que o universo opera ou é operado de dentro, As forças que se acham em atividade são forças residentes no universo, Este tem toda a aparência de um sistema auto-operante. Não somente a sua vastidão, mas também a sua auto-suficiência interna nos proíbe de conhecê-lo como sendo controlado  por fora".

"Se Deus é a força operante do grande sistema, e se este é operado de dentro, então, certamente, ele se acha dentro com sua vontade e energia operantes".

O professor Arthur C. MacGiffert dá uma definição de imanência que mal se pode distinguir do panteísmo. É preciso fazer uma distinção bem clara entre imanência e panteísmo.

W. L. Falker, em sua obra: The Spirit and the incarnation e em Cristian Thesm, nega que mecânica de Deus seja pessoal e ensina que esta terminologia apenas expressa a manifestação de uma idéia ou princípio gradualmente realizado no mundo.

Dificilmente, porém se pode compreender um Deus imanente que não seja pessoal. Não sendo Deus concebido como sendo idêntico com o mundo, podemos dizer que sua imanência é da substância o do ser pessoal na mais estrita acepção da palavra.

g)     A imanência de Deus, não pode ser usada para negar a realidade das causas secundárias, nem para fazer de Deus o agente de todo o mal no mundo. Assim como não fazemos Deus e o mundo idênticos, assim também não fazemos a vontade humana desaparecer na divina.

h)     A doutrina da imanência de Deus dá nova beleza ao mundo.

CONCLUSÃO

O universo e a terra estão cheios da glória e todo arbusto pleno de Deus. "Ele está mais perto que a respiração, e mais próximo que as mãos e os pés."

"O broto que cresce verde no meio da geada, a Erva e o próprio líquem, cada um deles constitui um silencioso momento. O primeiro pássaro da primavera e a última rosa do verão; a grandeza e o encanto e até mesmo a melancolia da tarde e da manhã; a chuva, o orvalho, os raios do sol; as estrelas que surgem para contemplar a plantação do fazendeiro; os pássaros que alegres fazem seus ninhos ou cuidam diligentes dos seus filhotes. Tudo isso tem significação religiosa para a alma que pensa. O perfume da violeta lembra o Criador. A pureza e a fragrância do lírio lembra a divindade. As terríveis cenas da tempestade, o fuzilar do relâmpago e ribombar do trovão, parecem apenas os sons mais severos de  um grande concerto com que Deus fala aos homens" (autor desconhecido).

Fraternalmente em Cristo: Pb. Gilson dos Santos - Fonte: Compêndio de Teologia Sistemática (David S. Clark).

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Tema: O PROCESSO DE SALVAÇÃO

Soteriologia é a ciência que trata das bênçãos da salvação ao pecador e o seu restabelecimento ao favor Divino e à vida de íntima comunhão com Deus.

Esta doutrina pressupõe conhecimento de Deus como fonte da vida, e do poder, e da felicidade da humanidade e da completa dependência que o homem tem de Deus, para o presente e para o futuro.

Desde que ela trata da restauração, redenção e renovação, só pode ser compreendida à luz da condição originária do homem, criado à imagem de Deus, e da subseqüente separação e perturbação, causada pela entrada do pecado no mundo.

Levando em conta que a obra da salvação é obra totalmente realizada por Deus, conhecida dele desde a eternidade, transportando retroativamente os nossos pensamentos para o eterno conselho da paz e para a aliança da graça, em que foi feito a previsão para a redenção do homem decaído. (Louis Berkhof).

"Porquanto, ao que de antemão conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos. E aos que predestinou, a esses também chamou; e aos que chamou, a esses também justificou; e aos que justificou, a esses também glorificou." (Rm 8.29 e 30)

Ao estudarmos o processo de salvação, entendemos como acontece a salvação do pecador. A Bíblia nos dá uma completa e rica enumeração das operações do Espírito Santo na aplicação da obra realizada por Cristo a pecadores individuais, e das bênçãos da salvação comunicadas a eles.

Convêm lembrar, que em relação à ordem exata seguida na aplicação da redenção, pode haver diferentes opiniões já que a Bíblia não especifica uma ordem. A doutrina da ordem da salvação é fruto da reforma.

Lembrando, o que é salvação? Podemos dizer que a salvação é o resultado da morte de Jesus Cristo na cruz do calvário, com o propósito de livrar o homem da condenação da morte eterna causada pelo pecado.

 "No qual temos a redenção, pelo seu sangue, a remissão dos pecados, segundo a riqueza da sua graça." (Ef 1.7).

CONVERSÃO

Conversão é uma mudança, que tem suas raízes na obra da regeneração e que é efetuada na vida consciente do pecador pelo Espírito Santo. Mudança de pensamentos e opiniões, de escolhas e desejos, que envolve a convicção de que a direção da vida anterior era insensata e errada, É volver o caminho em direção oposta ao pecado.

"Não por obras de justiça praticadas por nós, mas segundo sua misericórdia, ele nos salvou segundo o lavar regenerador e renovador do Espírito Santo". (Tt 3.5)

ARREPENDIMENTO

Arrependimento para a vida é uma graça salvadora, pela qual o pecador, tendo um verdadeiro sentimento do seu pecado e percepção da misericórdia de Deus, em Cristo, se enche de tristeza e de horror pelos seus pecados, abandonando-o e volta para Deus, inteiramente resolvido a prestar-lhe nova obediência. (Breve Catecismo de Westminster)

O arrependimento não pode remover a culpa do pecado, a culpa do pecado só pode ser removida pelo sangue do Nosso Senhor Jesus Cristo.

"Arrependei-vos, pois, e convertei-vos para serem cancelados os vossos pecados"(At 3.19)

CONFISSÃO

Confessar significa abrir o coração a Deus e não tentar esconder nada do que fizemos. Significa dizer exatamente o que fizemos de errado. É declarar a Deus o pecado cometido.

"Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça." (1Jo 1.19)

JUSTIFICAÇÃO

Justificação é um ato da livre graça de Deus, no qual ele perdoa todos os nossos pecados, e nos aceita como justos diante de si, somente por causa da justiça de Cristo a nós imputada, e recebida somente pela fé. (Breve Catecismo de Westminster). Na justificação, Deus concede ao homem o direito de viver eternamente e em paz com Ele.

As confissões reformadas ensinam que a justificação resulta em: Remissão de pecados, aceitação diante de Deus, direito à vida eterna e aumento da graça para a santificação.

"Justificados, pois, mediante a fé, temos paz com Deus por meio de nosso Senhor Jesus Cristo". (Rm 5.1)

REGENERAÇÃO

Regeneração é novo nascimento, a regeneração consiste na implantação do princípio da nova vida espiritual no homem, uma mudança radical na disposição dominante da alma, que, sob a influência do Espírito Santo, dá nascimento a uma vida que se move em direção a Deus. Em princípio esta mudança afeta o homem completo: o intelecto, a vontade,  os sentimentos e emoções.

Regeneração não é uma nova faculdade acrescentada à alma, nem uma mudança na substância da alma, não é persuasão moral, não é cooperação do poder humano com o divino, a que se chama de sinergismo. Não se encontra no homem a agência de sua regeneração, nem metade dessa agência, nem qualquer parte dela. Deus é o agente  e o homem é o paciente ou objeto da regeneração.

Não depende da congruência da mente humana com a divina; mas Deus é soberano na regeneração e pode regenerar quando e a quem ele quiser, mesmo a homem que se encontra no auge de sua rebelião.

"E, assim, se alguém está em Cristo, é nova criatura, as coisas antigas já passaram; eis que se fizeram novas." (2Co 5.17)

SANTIFICAÇÃO

A palavra grega tem dois sentidos, a saber: purificar e consagrar ou separar.

O que é santificação?   

Santificação é a obra da livre graça de Deus, pela qual somos renovados no homem interior, segundo a imagem de Deus, e habilitados para morrer cada vez mais para o pecado e a viver para a retidão. (Breve Catecismo de Westminster)

A santificação é:

a)     Uma obra meritória de Deus.

b)     Uma obra em que Deus infunde graça e poder.

c)     Uma obra em que Deus subjuga pecados.

d)     Difere em grau em diferentes pessoas.

e)     Incompleta e imperfeita nesta vida.

f)      Um crescimento espiritual do caráter cristão, plantado e regado divinamente.

"Agora, porém, libertados do pecado, transformados em servos de Deus, tendes o vosso fruto para a santificação e, por fim, a vida eterna" (Rm 6.22).

DIFERENÇA ENTRE JUSTIFICAÇÃO E SANTIFICAÇÃO

Embora a santificação seja inseparavelmente unida à justificação, elas, são, contudo, diferentes nisto: Deus, na justificação imputa a justiça de Cristo; na santificação o seu Espírito infunde a graça e dá o poder de exercitá-la.

Na justificação, o pecado é perdoado; na santificação, é subjugado. A justificação liberta igualmente todos os crentes da ira vingadora de Deus e isso nesta vida, para que jamais sejamos condenados; a santificação não é igual em todos nem é perfeita em ninguém nesta vida, mais progride para a perfeição.

 FÉ- (FÉ JUSTIFICADORA)

A fé justificadora é uma graça produzida no coração do pecador pelo Espírito e pela palavra de Deus, pela qual o pecador convicto do seu pecado e miséria e da incapacidade de ser restaurado da sua condição de perdido, tanto por si mesmo quanto pelas demais criaturas, não apenas crê na verdade da promessa do evangelho como também recebe e descansa em Cristo e na sua justiça, ali ofertada, para o perdão dos pecados e para ser aceito e considerado justo à vista de Deus para a salvação. (Catecismo Maior de Westminster).

"Justificados, pois, mediante a fé, temos paz com Deus por meio de Nosso Senhor Jesus Cristo; por intermédio de quem obtivemos igualmente acesso, pela fé, a esta graça na qual estamos firmes; e gloriamo-nos na esperança da glória de Deus.". (Rm 5. 1 e 2)

"Nós, porém, não somos dos que procedem para a perdição; somos, entretanto, da fé, para a conservação da alma." (Hb 10.39)

CONCLUSÃO

Esperamos que esse breve texto, contribua para seus estudos sobre salvação e que você sempre recorra à Bíblia, pois Ela é a Palavra de Deus, fonte de revelação de sua vontade,e alimento espiritual para nossa vida. (SOLA SCRIPTURA). Fraternalmente em Cristo. Pb. Gilson dos Santos.

Fontes: Confissão de Fé e Catecismo maior de Westminster, Teologia Sistemática de Louis Berkhof, Teologia Sistemática de David S. Clark.

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Tema: A SALVAÇÃO

Se você pergunta para alguém se ela já está salva, certamente ela indagaria: Salvo de quê? Eu não estou correndo nenhum risco de morte!

Existem três tipos de morte: morte física, morte espiritual e morte eterna. A carta de Paulo aos Romanos nos ensina algo muito precioso em relação a morte e a vida, nos trazendo alento e segurança, vejamos:

"Porquanto, assim como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a morte, assim também a morte passou a todos os homens, porque todos pecaram. (Rm 5.12).

Paulo aqui se refere  à morte eterna, ele continua "Pois assim como, por uma só ofensa, veio o juízo sobre todos os homens para condenação, assim também, por um só ato de justiça, veio a graça sobre todos os homens para a justiça que da vida. Porque, como, pela desobediência de um só homem (Adão), muitos se tornaram pecadores, assim também, por meio da obediência de um só (Cristo), muitos se tornaram justos. Sobreveio a lei para que avultasse a ofensa; mas onde abundou o pecado, superabundou a graça, afim de que, com o pecado reinou pela morte, assim também, reinasse a graça pela justiça para a vida eterna, mediante Jesus Cristo, nosso Senhor."

Paulo está reafirmando a missão reconciliadora e salvadora de Jesus Cristo, que apesar da morte pelo pecado, podemos ter vida pelo ato de justiça realizado na Cruz por intermédio de Jesus Cristo.  "Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê, não pereça, mas tenha a vida eterna".(Jo 3.16).

Deus deu uma ordem para Adão, e o não cumprimento dessa ordem traria a morte para o homem, observem: "E o Senhor Deus lhe deu esta ordem: De toda árvore do jardim comerás livremente, mas da árvore do conhecimento do bem e do mal não comerás; porque, no dia em que dela comeres, certamente morrerás".(Gn 2.16,17)

Sabemos que Adão não cumpriu a ordem de Deus, logo, a punição foi dada e essa punição foi morte, morte espiritual e eterna, causando a separação do homem com Deus, o homem perdeu a comunhão que tinha com Deus, até mesmo na capacidade de buscar as coisas de Deus, o homem caiu num estado de depravação total em relação as coisas celestiais é o que Paulo esclarece em sua carta aos Romanos.

Contudo, Deus é misericordioso, e ainda na eternidade, a Trindade santa elabora em plano de salvação para o homem, confirmada nas palavras do próprio Deus "Porei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e o seu descendente. Este te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar". (Gn 3.15)

João Batista ao ver Jesus disse:  Eis o cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo". (Jo 1. 29). Jesus é o único que pode tirar, nos livrar da conseqüência do pecado "Porque o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus, nosso Senhor." (Rm 6.23).

Jesus justifica o pecado cometido pelo homem, com o pecado veio a morte, com Jesus veio a justificação do pecado, para todos que crêem. Ele nos torna justo apesar de nós, apesar de não merecermos, logo veio a vida e vida eterna, "Respondeu-lhe Jesus: Eu sou o caminho e a verdade e a vida, ninguém vem ao Pai senão por mim". (Jo 14.6).

"Eu sou a porta. Se alguém entrar por mim, será salvo; entrará, e sairá, e achará pastagem. O ladrão vem somente para matar, roubar e destruir; eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância." (Jo 10. 9 e10)

Conclusão

Todo homem herdou a morte eterna com o pecado original, Deus com seu imenso amor enviou o seu Filho unigênito Jesus Cristo para nos livrar da morte eterna, pagando o preço na cruz do calvário, morrendo em nosso lugar, morte vicária. Ele é o cordeiro imaculado que é o sacrifício perfeito, nos reconciliando com Deus e nos dando vida eterna.

Você está salvo? Salvo da morte eterna? 

Se você já aceitou o nosso Senhor Jesus Cristo como seu único e suficiente Salvador, você está salvo, se não, você está caminhando a passos largos para a morte eterna, tenha fé e aceite a Jesus, "Porque pela graça sois salvos, mediante a fé, e isto não vem de vós, é dom de Deus" (Ef 2.8).

Faça como o carcereiro que perguntou: Senhores, que devo fazer para que seja salvo? E ouviu a maravilhosa resposta de Paulo e Silas: Crê no Senhor Jesus e serás salvo, tu e tua casa. (At 16.30 e 31). (SOMENTE CRISTO SALVA, ALELUIA, GLÓRIAS SEJAM DADAS SOMENTE A DEUS). Fraternalmente em Cristo, Pb. Gilson dos Santos.