segunda-feira, 27 de maio de 2013

O CREDO APOSTÓLICO

Creio em Deus pai, todo poderoso, criador do céu e da terra; e em Jesus Cristo, seu unigênito filho, nosso Senhor, o qual foi concebido por obra do Espírito Santo; nasceu da virgem Maria; padeceu sob o poder de Pôncio Pilatos; foi crucificado, morto e sepultado; ao terceiro dia ressurgiu dos mortos, subiu ao céu e está à direita de Deus Pai, Todo-poderoso, de onde há de vir para julgar os vivos e os mortos.

Creio no Espírito Santo, na Santa igreja de Cristo; na comunhão dos santos, na remissão dos pecados; na ressureição do corpo e na vida eterna. Amém.

Sabemos que vários credos foram escritos, porém o mais conhecido é o credo dos apóstolos. Apesar desse nome, ele não foi escrito pelos doze apóstolos, ele foi desenvolvido através de pequenas confissões batismais que eram empregadas nas igrejas dos primeiros séculos, muitas dúvidas e confusões ocorriam no início da igreja possibilitando o surgimento de muitas heresias.

Constantino no ano de 325 da era cristã convoca um concílio, que ficou conhecido como o primeiro concílio de Niceia, onde passa a se delinear o credo cristão, e no ano de 381 foi adaptado e revisto no primeiro concílio de Constantinopla,  daí  também o nome "Credo Niceno-Constantinopolitano".

O credo apostólico é, portanto, um breve resumo da fé cristã uma profissão de fé, uma fórmula doutrinária, e, embora não sendo escrito pelos apóstolos, foi chamado de credo apostólico por estar inteiramente de acordo com os seus ensinamentos. Podemos ainda dizer que o credo apostólico está inteiramente de acordo com a Palavra de Deus e é aceito desde a antiguidade, sendo, porém, um escrito não canônico.

O credo inicia-se com uma confissão de fé, onde o convertido declara sua crença em um Deus Trino, iniciando com a primeira pessoa da Trindade. Do Pai Todo-Poderoso que criou todas as coisas no céu e na terra, que é Pai apesar de todo poder, de sua onipotência. Ele é nosso Pai, trazendo-nos portanto, a ideia de um Deus presente, que se relaciona com os seus filhos e que é o criador do céu e da terra.

Assim como na oração que Jesus ensinou aos seus discípulos, ele glorifica o Pai, no Credo, o Pai também é glorificado, seu nome é exaltado, todo o poder e autoridade é atribuído a Ele. Deus é Deus Elohim (Deus Poderoso), é Deus  El- Shaddai (Todo- Poderoso).

A segunda pessoa da Trindade é também glorificado e incluído como merecedor e digno de crença, quando se confessa: "E em Jesus Cristo seu unigênito filho, nosso Senhor". Observamos a unigenitude de Cristo como o único filho, como ele não há outro, só ele é filho legítimo de Deus, é o próprio Deus encarnado como fruto (gerado) do Espírito Santo, nascido da virgem Maria (mulher) e como homem sofreu todas as aflições possíveis ao homem, como Deus, levou as nossas dores, os nossos pecados, pagando o alto preço da reconciliação do homem com o próprio Deus, o preço foi o preço da sua morte e morte de cruz.

Humilhado e crucificado realiza a obra da redenção  vencendo a morte na morte na cruz, para nos dar a vida eterna. Sua ressureição completa a obra da redenção. No filho ele é Deus Iavé, o Deus redentor, o Deus Iavé Rabi (O senhor pastor), o Iavé  Tsdkenu (O Senhor nossa justiça), é o  Iavé Shamah (O Senhor está ali).

Jesus, o filho é intronizado no céu e está assentado à direita do Deus Pai. O filho é então igualado ao Pai, como kYRIOS (aquele que legalmente possui poder), Jesus, como Senhor, compartilha do poder de libertar o homem, da dominação de Satanás, da dominação do pecado.  

Jesus foi enviado pelo Pai e seu poder não está vinculado apenas à sua messianidade mas também ao fato de ser ele o próprio Deus, ele é na sua inteireza, o reflexo exato do ser divino agora encarnado. Chamado então de Kyrios, o Deus-homem, sendo assim reconhecido como Kyrios (Senhor).

Jesus tem o poder de julgar tantos vivos quanto os mortos, ele é Iavé Tsikenu, o Deus que é a nossa justiça e que tem poder para julgar o mundo e toda a humanidade.

No credo confessamos também a crença na terceira pessoa da trindade que é o Espírito Santo. "Creio no Espírito Santo".  É uma das confirmações confessional do credo apostólico. O Espírito Santo que é Deus, o próprio Deus nos confortando, nos convencendo do pecado, da justiça e do juízo, confirmando a promessa do filho que não nos deixaria sós, mas que mandaria um consolador, o Espirito Santo, que nos sela com a marca da promessa, como filhos  do Pai, através de Jesus Cristo.

Temos também a confissão que cremos na Santa Igreja de Cristo, a sua noiva, sua agência para propagação do evangelho do nosso Senhor, as boas novas do sacrifício de Cristo,  a Eklesia que anuncia a nossa libertação, a nossa remissão, o nosso retorno ao convívio do Pai.

O Credo Apostólico ressalta a importância da nossa comunhão, a Koinonia que caracteriza os santos, enfatizando que temos em Cristo a remissão de nossos pecados, confirmando as palavras do apóstolo João em sua primeira epístola que afirma:  "Se, porém, andarmos na luz, como ele está na luz,  manteremos comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus seu filho, nos purifica de todo pecado".

Termina então o Credo Apostólico com a confissão na esperança da ressureição dos corpos e na vida eterna. Os nossos corpos serão transformados e revestidos de glória para sermos recebidos nas mansões celestiais onde gozaremos da presença eterna de Deus, onde estaremos glorificando-o e gozando-o para sempre, retornando assim ao principal propósito da criação humana.  ( SOLI DEO GLORIA ) -  Pb. Gilson dos Santos.

terça-feira, 2 de abril de 2013

HERMENÊUTICA E METAFÍSICA


Metafísica: Além da natureza, além da física.

Meta - "além de", Física - "natureza". Concretamente a metafísica ocupa-se das questões últimas da filosofia, tais como:

·         Há um sentido último para a existência do mundo?

·         A organização do mundo é necessariamente essa com que deparamos, ou seria possível outros mundos?

·         Existe um Deus? Se existe como podemos conhecê-lo?

·         Existe algo como um espírito?

·         Há uma diferença fundamental entre mente e matéria?

·         Os seres humanos são dotados de almas imortais?

·         Tudo está em permanente mudança, ou há coisas e relações que a despeito de todas as mudanças aparentes, permanecem idênticas?

HERMENÊUTICA É A CIÊNCIA DA INTERPRETAÇÃO

O mundo do sentido e compreensão não forma, por princípio, o último horizonte do perguntar e compreender, mesmo quando o homem percebe e procura compreender o ser, o que vem ao seu encontro ou se lhe opõe dentro do seu horizonte de mundo.

Há, porém, ainda um último e incondicional horizonte do ser que ainda compenetra e transcendo o mundo, e que está aberto com a essência da auto- realização humana no mundo. Tomar esse horizonte temático é tarefa em que           a hermenêutica culmina com a metafísica.

Todo homem possui a partir do seu ponto de vista histórico uma concepção de mundo que não é idêntico com o mundo do outro. Cada um tem o seu ponto de vista próprio, único, insubstituível e que não se repete. Cada um tem sua visão da realidade. Apesar disso há uma compreensão entre as pessoas.

O horizonte comum que abrange toda diversidade histórica consiste na comunidade empírica do mundo histórico, essa comunidade é que nos liga apesar das diversidades culturais, temporais e mentais. Há uma compreensão tanto no nível do diálogo quanto na mediação histórica.

Acima do horizonte mundo de experiências e compreensão, empírico-histórico, há um horizonte metafísico, pois toda a existência humana, em todos os tempos se realiza no horizonte incondicional do ser.

Não entendemos direito um texto da história, senão pressupondo que o autor quisesse dizer a verdade, a seu modo e com suas palavras, regido pelas normas morais do bem.

Cada homem de fato vive na história e está adstrito a certo ponto de vista histórico. Ao mesmo tempo, porém ele transcende sua ligação espaço-temporal podendo ter conhecimento de coisas e acontecimentos longínquos, pode compreendê-las e torna-las presente. Nesse ponto de vista não está ligado ao aqui e ao agora, mas vive no aberto do espaço e do tempo.

A interpretação temática do horizonte do ser, só é possível por interrogar-se a realização humana do mundo em seu todo, requerendo-se uma reflexão transcendental, então podemos dizer que a metafísica é possível. A indicação temática do ser só é possível através de uma reflexão transcendental- metafísica.

A metafísica implica no movimento do pensamento, que para além do sendo, fisicamente objetivo, chega a totalidade como o fundamento não objetivo, juntamente metafísico, em cujo horizonte experimentamos e compreendemos em nosso mundo.

A tarefa da metafísica é tomar o ser explicito e leva-lo à fala, não apenas um falar objetivo mais também um falar não objetivo. Donde se segue que a metafísica não fala uma linguagem limitada, objetivamente limitada e própria das ciências, mais está remetida a universalidade da linguagem natural.

Verifica-se, portanto, que há uma relação de condicionamento entre o mundo e o ser, entre a hermenêutica e a metafísica. Por um lado, o mundo está aberto para o ser, o mundo como aprendemos e compreendemos já é sempre um mundo real que só é possível no ser e pelo ser. Por outro lado, entretanto, a interpretação metafísica do ser só é possível em nosso mundo histórico.

A metafísica só é possível com base em uma hermenêutica da existência humana no mundo e na historia, compreendendo-se, porém, no ser e pelo ser. Entretanto, hermenêutica como doutrina da compreensão que pretende compreender a si mesma só é possível transcendendo-se e terminando em uma metafisica, a qual procura compreender a condição humana pela condição última de sua possibilidade: pela abertura do ser.

Isso mostra uma estreita relação essencial entre hermenêutica e metafísica. Elas se condicionam mutuamente e se remetem uma à outra. Assim como a metafísica só é possível a partir de uma hermenêutica, também a hermenêutica só se pode completar numa metafísica compreensão histórica e linguística, que é fundamenta a partir do ser total que aí se manifesta.

SOLA FIDE – Pb. GILSON DOS SANTOS

Fonte: GORETH, EMERICH. Questões Fundamentais de Hermêneutica

domingo, 31 de março de 2013

ANJOS MAUS

ORIGEM:

Os anjos maus um dia foram como os anjos bons, eles não foram criados como anjos maus. A Bíblia nos relata que Deus viu tudo que tinha criado e estava muito bom (Gn 1.31). Alguns anjos sob a direção de Satanás não mantiveram o sua condição original, mas caíram do estado em que tinham sido criado (2Pe 2.4; Jd 6) e perderam o privilégio de servirem a Deus.

Segundo Wayne Grudem em algum momento dos eventos entre Gn 1.31 e Gn 3.1 deve ter havido uma rebelião no mundo angélico, no qual muitos anjos se voltaram contra Deus e se tornaram maus.

Segundo Louis Berkhof, o pecado específico desses anjos não foi revelado, mas geralmente se pensa que consiste em exaltarem contra Deus e aspirarem a Autoridade Suprema. Se esta ambição desempenhou papel importante na vida de Satanás e o levou a queda, isso explica por que ele tentou o homem nesse ponto particular e procurou enganá-lo para destruí-lo recorrendo a uma possível ambição.

Outros como os pais da igreja, acreditavam que o pecado de Satanás foi o orgulho e que a queda dos demônios foi o pecado da luxúria carnal, essa tese  não tem muita aceitação porque contraria a natureza espiritual dos anjos e o fato de que não há vida sexual entre os anjos de acordo com (Mt 22.30).

A NATUREZA DOS ANJOS MAUS:

Os anjos maus são seres espirituais criados, dotados de discernimento moral e inteligência, mas desprovidos de corpos físicos e como o homem dotado de livre escolha. Possuem características de ações pessoais o que demonstra que possuem personalidade, são seres numerosos, de tal modo que torna Satanás praticamente ubíquo por meio desses seus representantes, são seres vis e perversos, baixo em conduta, são servis e obsequiosos, são seres de baixa ordem moral, degenerados em sua condição, ignóbeis em suas ações e sujeitos a Satanás.

DEFINIÇÃO:

Anjos maus são anjos que pecaram contra Deus e hoje continuamente praticam o mal no mundo.

QUEM É O CHEFE DOS DEMÔNIOS?

Satanás é considerado o chefe dos anjos decaídos, tudo indica que ele era um dos poderosos príncipes do mundo angélico e veio a ser líder dos que se revoltaram contra Deus e caíram. O próprio nome Satanás que quer dizer:  "adversário" nos mostra que ele é o grande adversário de Deus.

Ele é o destruidor, razão porque também é chamado de Apolion "o destruidor" (Ap 9.11). Ele é apresentado nas Escrituras como o originador do pecado (Gn 3.1,4; Jo 8.14; 2Co 11.3;12.9;  1Jo 3.8; Ap 20.2,10). Ele continua sendo o chefe das hostes angelicais do mau, arrastou consigo em sua queda outros anjos e os empregam em sua desesperada resistência a Cristo e a seu reino.

 É também chamado de "príncipe desse mundo" (Jo 12.3) e até mesmo "deus" deste século (2Co 4.4) isso não significa que ele detém o controle do mundo, pois Deus é quem o detém. Deus deu toda autoridade a Cristo.  Satanás tem sob controle esse mundo mau, o mundo que está separado de Deus (Ef 2.2) onde ele é chamado de príncipe da potestade do ar, do espírito que agora atua nos filhos da desobediência.

Ele é sobre-humano, mas não é divino, tem grande poder, mas não é onipotente, exerce poder numa escala ampla porém delimitada (Mt 12/29; Ap 20.2. Está destinado a ser lançado no abismo (Ap 20.10).

ATIVIDADE DE SATANÁS E DOS DEMÔNIOS:

Como os anjos bons os anjos maus possuem poder sobre-humano. Enquanto os anjos bons louvam a Deus perenemente, batalham por ele e o servem fielmente, os anjos maus com poderes das trevas prestam-se para maldizerem a Deus, pelejarem contra Ele e Cristo seu Ungido, para destruir sua obra.

Estão em constante rebelião contra Deus procurando desviar até os eleitos e amimam os pecadores no mal que estes praticam. São espíritos perdidos e sem esperança.

Satanás originou o pecado, satanás pecou antes que qualquer ser humano o fizesse como se depreende do fato de na forma de uma serpente ter tentado Eva (Gn 3.1-6; 2Co 11.3).

Os demônios se opõem a toda obra de Deus tentando destruí-la, assim como Satanás levou Eva a pecar contra Deus (Gn 3.1-6), também tentou fazer Jesus pecar e assim falhar na sua missão de Messias (Mt 4. 1-11). A tática de Satanás e seus demônios são: A mentira (Jo 8.44), o engano (Ap 12.9), o homicídio (Sl 106.37) e todo e qualquer tipo de ação destrutiva no intuito de fazer as pessoas se afastarem de Deus, rumo à destruição.

Os demônios lançam mão de qualquer artifício para cegar as pessoas ao evangelho (2Co 4.4) e mantê-las presas a coisas que as impedem de aproximar-se de Deus. Contudo os demônios estão limitados pelo controle de Deus. A história de Jó deixa claro que Satanás só podia fazer o que Deus lhe permitia. Eles não têm o poder que tinham quando eram anjos, pois o pecado é uma influência deliberante e destruidora, o poder dos demônios, embora significativo, é provavelmente menor que a dos anjos.

Quanto aos nossos pensamentos a Bíblia nos ensina que Jesus e que Deus conhece os nossos pensamentos, mas não há indicação que os anjos e os demônios possam conhecê-los.  

 A AÇÃO DOS DEMÔNIOS AO LONGO DA HISTÓRIA DA REDENÇÃO:

No antigo testamento: No Antigo Testamento a palavra demônio não é usada com frequência, porém notamos que o povo de Israel frequentemente pecava servindo a falsos deuses e esses falsos deuses eram na verdade forças demoníacas (Sl 106. 35-37). Essa referência demonstra que o culto oferecido aos ídolos de todas as nações que cercavam Israel era na verdade culto a Satanás e seus demônios.

No ministério de Jesus: Jesus expulsou demônios com absoluta autoridade, as pessoas ficavam assombradas "Todas se admiravam a ponto de perguntarem entre sí: O que vem a ser isso? Uma nova doutrina! Com autoridade ele ordena aos espíritos  imundos e eles lhe obedecem".

Na era da nova aliança: Essa autoridade sobre as forças demoníacas não se limita apenas a Jesus, pois ele concedeu autoridade semelhante primeiro aos doze (M 10.8) e em seguida aos setenta discípulos (Lc 10.17,  a autoridade sobre os espíritos imundos se estendeu mais tarde aos membros da igreja primitiva que administravam em nome de Jesus (At 8.7; 16.18; Tg 4.7). Jesus dá a todos os crentes a autoridade de repreender demônios e de ordenar que saiam.

No juízo final: No final do milênio, Satanás é solto e reúne as nações para a batalha mas é definitivamente derrotado e lançado para dentro do lago de fogo e enxofre, atormentado de dia e de noite, pelo séculos dos séculos (Ap 20.10). Então o juízo de Satanás e de seus anjos estará completo.

NOSSA RELAÇÃO COM OS DEMÔNIOS

Algumas pessoas influenciadas por uma cosmovisão naturalista acreditam que os demônios não existam, os liberais acham que as ações demoníacas são as equivalentes as das organizações e estruturas da sociedade atual, governos malignos e poderosas corporações maléficas que controlam milhares de pessoas, Porém as Escrituras explica o mundo como ele verdadeiramente é, então devemos levar a sério  o panorama de intenso envolvimento demoníaco na sociedade humana.

As pessoas com influência demoníaca apresentam atitudes bizarras muitas vezes violentas, especialmente diante da pregação do evangelho.  Um crente verdadeiro não pode ser possuído por demônios, pode até ser tentado mais não possuído. As Escrituras Sagradas garantem a derrota final de Satanás e seus anjos. SOLI DEO GLORIA  Pb. GILSON DOS SANTOS.

FONTES:

BERKHOF, Louis. Teologia Sistemática: Cultura Cristã. São Paulo, 2002.

GRUDEM, Wayne. Teologia Sistemática Atual e Exaustiva: Vida Nova. São Paulo, 2010.