terça-feira, 3 de junho de 2014

SISTEMA PRESBITERIANO, POR PB. GILSON SANTOS - partes de 1 a 7



SISTEMA PRESBITERIANO (PARTE 1)


Ao longo dos meus vinte e cinco anos de presbiterado, tenho observado que uma grande parte dos presbiterianos desconhece o seu sistema (o chamado Sistema Presbiteriano), levando-o muitas vezes a angustias e desconfortos desnecessários. Muitas das vezes confundem com sistemas congregacionais ou episcopais, nós não somos nenhum, nem outro! Somos presbiterianos. Então vamos tentar entender um pouco desse sistema!
A palavra presbiteriano não designa apenas o adepto de uma forma particular de governo eclesiástico. Portanto, "sistema presbiteriano" não é apenas o código de leis que rege determinada organização religiosa.
Um sistema seja de filosofia ou de teologia, pode ser definido como uma classificação lógica de verdades afins, sob o império de uma ideia predominante. Nenhuma verdade tem existência isolada; há viva interdependência entre as verdades. E a relação harmoniosa de verdades que interdependem, sob uma ideia fundamental comum, equivale a um sistema.
A doutrina da soberania de Deus é a ideia fundamental do sistema presbiteriano e isso significa o controle absoluto de tudo quanto existe, controle esse exercido por Deus. O Espírito de Deus onisciente, onipresente, onipotente, eterno e supremo governa todas as coisas visíveis e invisíveis . Portanto podemos dizer que sistema presbiteriano é o corpo de verdades e leis religiosas que tem como verdade fundamental a soberania de Deus.
Da soberania de Deus decorre a soberania da Palavra de Deus como regra de fé e prática. (O sistema Presbiteriano, de W. H. Roberts)
SISTEMA PRESBITERIANO - PARTE 2
PRINCÍPIO CENTRAL- Vimos no texto anterior que da Soberania de Deus decorre a soberania da Palavra de Deus como regra de fé e prática. Sabemos que todos os cristãos afirmam que Deus falou aos homens e que essa revelação se acha entesourada na Bíblia, porém, nem todos a consideram como Palavra de Deus e nem todos a aceitam como única regra de fé e pratica. Neste sentido podemos dividir a cristandade em quatro grupos que são, racionalistas, liberais, católicos e evangélicos, vejamos o que dizem cada um:
1-        Os racionalistas negam que a Bíblia seja a Palavra de Deus.
2-        Os liberais afirmam que a Palavra de Deus está contida na Bíblia, mas que nem toda ela é Palavra de Deus.
3-        Os católicos tanto os romanos, como os gregos e os anglicanos afirmam que a Bíblia é a palavra de Deus mas aceitam também as tradições e a voz da igreja como fonte legítima de autoridade religiosa, lado a lado da Bíblia e como consequência disto podem (e assim o faz) substituir as Sagradas Escrituras por mandamentos de homens e decretos de concílios.
4-        Os evangélicos e (aí se enquadra o sistema presbiteriano), combatem as três posições acima e sustentam que a Bíblia é em sua totalidade a Palavra de Deus e todas as suas partes é divinamente inspirada e infalível. Afirmam que a Bíblia é a única regra de fé e pratica e rejeitam a tradição como regra de fé. Segue-se dai que nem as conclusões da razão humana finita, nem os decretos de uma igreja ou de um papa falível podem ser regra suprema de fé e prática.
SISTEMA PRESBITERIANO - PARTE 3
Nos textos anteriores vimos que o sistema presbiteriano tem como ideia fundamental a doutrina da soberania de Deus, daí decorre a soberania das Escrituras como regra de fé e prática, hoje vamos ver o princípio do direito de associação denominacional.
- PRINCÍPIO DO DIREITO DE ASSOCIAÇÃO DENOMINACIONAL- A aceitação da Palavra de Deus como regra infalível de fé e prática, nos leva a duas perguntas: primeira - Que relação existe entre o indivíduo e a interpretação da Palavra de Deus? segundo, que relação tem com a Bíblia os cristãos organizados em diferentes denominações?
Os padrões presbiterianos respondem a essas perguntas com o princípio de que da soberania de Deus decorre que somente ele (Deus) é senhor da consciência, e é a Deus, que cada homem deve prestar contas, portanto, cada indivíduo tem o direito de interpretar as Escrituras pessoalmente de acordo com os próprios princípios que ela encerra.
A religião evangélica na sua forma presbiteriana coloca a alma direto em contato com Deus, sem qualquer obstáculo oriundo de processos da razão ou de celebrações da igreja.
A confissão de fé de Westminster, que é um dos símbolos de fé da igreja Presbiteriana, no seu capítulo XX, parágrafo II declara que, só Deus é senhor da consciência, e ele a deixou livre das doutrinas e mandamentos humanos que em qualquer coisa sejam contrários à sua Palavra, ou que em matéria de fé ou de culto estejam fora dela.
Portanto, cada pessoa tem o direito de interpretar por si mesma a Palavra de Deus, com o devido respeito ao Criador, segue-se daí que cada homem tem o direito de se associar com outros para alcançarem os altos e santos objetivos da religião cristã.
Em virtude das liberdades gêmeas de juízo individual e de associação voluntária, e de acordo com as Escrituras, organizou-se o grupo de cristãos conhecidos e chamados Presbiterianos, para manter o sistema de fé e prática, de culto e de governo que aceitam como sistema bíblico, adotando-o e sustentando-o, sem contudo tolher a liberdade de pessoa alguma.
Mas a verdade é que nós, presbiterianos, estamos convencidos de que são bíblicos os princípios que professamos - com todo o respeito para com os que assim não pensam. É portanto um direito nosso exigir dos pastores, presbíteros regentes e diáconos a aceitação pessoal da Confissão de Fé, do Catecismo Maior e do Breve Catecismo como a sistematização do ensino bíblico.
Da mesma forma exigimos a aprovação sincera da forma de governo expressa na constituição da igreja. Essas exigências são confirmadas por todos os oficiais da igreja no ato de sua ordenação e pelos membros comungantes da igreja no ato de sua recepção.
SISTEMA PRESBITERIANO - PARTE 4
ASPECTOS PRINCIPAIS DO SISTEMA PRESBITERIANO- O sistema presbiteriano está fundamentado em quatro aspectos principais que são o teológico, o do dever, o do culto, e o do governo. Vamos ver hoje o aspecto teológico.
Todas as doutrinas que compõem o conjunto de doutrinas da igreja presbiteriana tem sua origem na Palavra de Deus. As disposições dessas doutrinas se subordina à ideias calvinista da soberania de Deus. Mas na confissão de fé e nos catecismos há outras doutrinas, além daquelas que são peculiarmente calvinistas.
Há em nossos padrões doutrinários três grandes elementos teológicos. No primeiro elemento estão as doutrinas aceitas por todos os cristãos, que são: A existência de Deus, a unicidade de Deus, a trindade, o plano de Deus, a criação, a providência, a queda do homem, o pecado e o castigo, a liberdade da vontade humana, a pessoa de Cristo, a personalidade do Espírito Santo, a salvação mediante a obra do divino redentor e a ressureição dos mortos. Todos os cristãos aceitam substancialmente essas doutrinas em sua forma geral.
No segundo elemento estão as doutrinas aceitas por todos os protestantes independente de sua denominação, que são: A supremacia das Escrituras Sagradas como regra de fé e prática, supremacia da autoridade de Deus sobre a consciência humana, sacrifício vicário e mediação exclusiva de Cristo, justificação do pecador arrependido somente pala fé, promoção dos santos para o céu imediatamente após a morte e sua completa santificação no estado de glória, essas doutrinas são um traço de união entre todos os cristãos evangélicos do mundo.
No terceiro elemento estão as doutrinas caracteristicamente calvinistas, mais conhecidas como os cinco pontos do calvinismo, que são:
a) Eleição incondicional oposta à eleição condicional.
b) Expiação definida ou a redenção particular oposta à expiação indefinida.
c) A depravação total do gênero humano oposta à depravação parcial.
d) A graça eficaz oposta à graça incerta.
e) A perseverança final dos santos oposta à perseverança parcial.
Esses cinco pontos são peculiares ao presbiterianismo e destingem dos demais cristãos evangélicos. A ideia central do sistema presbiteriano - A SOBERANIA DE DEUS, se relaciona diretamente com cada um desses cinco pontos.
O SISTEMA PRESBITERIANO - PARTE 5
Estimados amigos, hoje falaremos do aspecto do dever do homem, que é uma das linhas mestras do estudo do sistema presbiteriano, portanto, boa leitura e bom estudo.
Entre as doutrinas essenciais do regime presbiteriano estão aquelas que determinam o dever do homem. As principais doutrinas sobre o dever são as que se referem à livre agencia do homem, à lei de Deus, ao pecado, a fé em Cristo, às boas obras, à liberdade cristã, os votos e os juramentos legais, à magistratura civil, ao casamento e ao divórcio, ao juízo final. Também essas doutrinas se conjugam em ordem lógica com o princípio fundamental da soberania de Deus. Da soberania de Deus decorrem as seguintes verdades:
a)        A livre agencia do homem é um elemento preordenado em sua personalidade, e implica na sua responsabilidade perante Deus.
b)        A lei moral como se encontra nos 10 mandamentos, e de forma amplificada no Novo Testamento, continua em vigor e os homens lhe devem inteiro respeito e obediência.
c)        Tudo o que no homem se opuser à lei divina, seja em pensamento, em palavra ou em obras, é pecado.
d)       A fé em Cristo é um dever de todos aqueles que ouvem e conhecem o evangelho .
e)        Homem algum tem o direito de sobrecarregar a consciência de outros homens com distinções morais que não estejam em harmonia com a Palavra de Deus.
f)         Os cristãos devem provar com uma vida piedosa e reta as verdades doutrinárias que professam.
g)        Boas obras constituem a prova de que o cristão já pertence à família de Deus, mas não serve de base nem recurso para a salvação do pecador.
h)        O homem não pode comprometer se em hipótese alguma a fazer o que não seja reto.
i)          Devemos cultivar grande reverência pelo nome de Deus.
j)          O estado, tanto quanto a igreja é de instituição divina.
k)        A obediência à autoridade civil legítima equivale à obediência divina a Deus; Tanto na igreja como no estado, a família é a fonte e a segurança da prosperidade.
Enfatizamos ainda que os preceitos que governam relações entre os homens, sejam pessoais, políticas ou eclesiásticas, devem estar em plena harmonia com a Palavra de Deus. E que cada pensamento, palavra e ato de cada indivíduo em todas as circunstâncias e relações da vida, estarão sujeitas ao julgamento de um tribunal onisciente, impessoal, imparcial, e inflexível; julgamento que será seguido de uma sentença justa e irrevogável.
O SISTEMA PRESBITERIANO - PARTE 6 (SOBRE O CULTO)
O culto ocupa lugar de eminência na igreja cristã. Tanto quanto a forma, pessoas e lugares.
O culto cristão pode ser definido como sendo um movimento da alma humana para Deus, em nome de Jesus Cristo, no qual se adoram as perfeições divinas, exalta-se a bondade de Deus, implora-se as bênçãos celestiais, como o perdão dos pecados. Para muitos o culto é a essência da religião.
É no culto que o homem tem procurado tão insistente e audazmente interferir com a soberania de Deus, inventando modas e arranjos , se esquecendo que a forma do culto esta bem claro e perfeitamente estabelecido nas Escrituras.
As doutrinas principais dos padrões presbiterianos, com referência ao culto são:
a)        Somente Deus deve ser adorado.
b)        Deve ser adorado somente pela mediação de Cristo.
c)        Deus aceita o culto quando tributado em espírito e em verdade sob a direção do Espírito Santo.
d)       Somente no culto verdadeiro pode o pecado ser perdoado e obtido o favor divino.
e)        No Evangelho, parte alguma do culto religioso aparece subordinado a este ou àquele lugar.
f)         Dentre os sete dias da semana, Deus separou um para o descanso devendo ser este dia inteiramente consagrado a Deus.
g)        Os princípios gerais do culto estão expostos na Bíblia.
Podemos resumir assim os princípios presbiterianos do culto, não há outro objeto de culto além de Deus (não podemos em um culto público fazer homenagens a homens, podemos até fazê-lo, mas em outra ocasião); não há outro sacerdote além de Cristo, os ministros (pastores) não são sacerdotes, mas lideres da congregação e do culto, (a " pastoriolatria" é um pecado gravíssimo como qualquer outra idolatria); não há perdão senão para o pecador arrependido; para obtenção do favor divino não há obstáculo além da incredulidade; não há culto senão o atributado a Deus em espírito e em verdade; não existem formas de culto além daquelas expressas na Bíblia. (Acreditem ou não, até espetáculos circenses eu já vi em uma igreja na hora do culto público, com a desculpa de: o que que tem? é para Deus!).
A forma bíblica de culto e o caminho de livre acesso a Deus, tem sido no passado e no presente obstruído por entraves resultantes do orgulho, da ignorância e da pretensão humana, mas os presbiterianos calvinistas sempre lutaram vigorosamente contra isso, enfrentando incompreensões, sofrimentos, criticas, ataques e mortes na defesa e na preservação do direito do livre acesso ao trono celestial, de graça e de perdão.
(FONTE:O SISTEMA PRESBITERIANO de W. H. Roberts).
O SISTEMA PRESBITERIANO - PARTE 7
(SOBRE A FORMA DE GOVERNO DA IGREJA)
A igreja foi estabelecida por Deus na terra com a finalidade de preservar, manter e difundir a sua verdade. A igreja deve ser ao mesmo tempo a coluna e o alicerce da verdade. Tendo tido origem divina a natureza e os aspectos geras da igreja estão claramente indicados na Palavra de Deus.
Do princípio basilar do presbiterianismo, que é a soberania de Deus, procedem as seguintes verdades:
a)        Cristo é a única cabeça da igreja e, o chefe da igreja e, portanto, todos os que estão a Ele unidos são membros da igreja ideal, invisível que existe no céu e na terra, composta de todos os eleitos (os salvos).
b)        Todas as pessoas que professam a verdadeira religião (que nos conduz a Cristo pelo Espírito Santo) são membros da igreja visível e universal existente na terra.
c)        Todo o poder da igreja é declarativo e ministerial. Ministerial quando a igreja age no lugar de Cristo e declarativo quando interpreta os ensino de Cristo contido nas Sagradas Escrituras. 
Como as igrejas são compostas de pessoas e não são unidades desconexas e independentes, mas de partes unidas umas às outras como porções de um todo, tem ela o direito de regular e de inspecionar todas as suas partes componentes, sejam membros da comunidade eclesiástica, sejam congregações (igrejas) particulares.
d)       A existência de denominações não ferem os preceitos bíblicos e não destrói a verdadeira unidade da igreja, desde que cada uma delas cumpra fielmente a missão que foi imposta por Deus. 
Isso posto surge então a necessidade de governo na igreja, daí surgirem várias formas de governo, podemos destacar três formas mais usuais de governo eclesiástico que são: Episcopal, Congregacional e Conciliar (presbiteral ou representativo). (1) - Episcopal, onde um governa todos. - (2) Congregacional, onde todos governam.- (3) Presbiteral ou representativo, um grupo eleito governa.
por Pb. Gilson Santos - aguardem novos posts